São Paulo, 20 de Dezembro de 2001
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Raios infravermelhos são alternativa para a transmissão de redes de computadores

  
Por David F. Gallagher :: 19:55 29/08
A tecnologia de transmissão de rede através de raios infravermelhos, o mesmo princípio usado em controles remotos, oferece vantagens como a velocidade, a segurança e o sigilo, mas os infravermelhos não conseguem atravessar paredes e objetos, e ainda não deram sinais de avanços comerciais

Pesquisadores da rede infravermelha gostariam de colocar dados diante do seu nariz. Ou da sua mesa. Ou da máquina de café.

Seu objetivo é usar raios infravermelhos refletindo a partir de todas as superfícies de uma sala, para criar redes de informação de alta velocidade. Enquanto as redes locais que utilizam ondas de rádio, como o sistema AirPort da Apple, estão chamando a atenção, cientistas que estão trabalhando com os infravermelhos dizem que a longo prazo, a luz pode ser uma alternativa melhor e mais rápida.

"As ondas de rádio não conseguirão competir com a luz," afirmou Mohsen Kavehrad, um professor de engenharia elétrica da Universidade Estadual da Pennsylvania.

Kavehrad e um colega, Svetla Jivkova, estão pesquisando um sistema que envia raios infravermelhos da grossura de um lápis que encobrem uma sala, conectando os computadores entre si e a um transmissor e receptor central ligado a uma rede maior.

Os pesquisadores dizem que a tecnologia pode transmitir dois gigabits por segundo, ou aproximadamente mil vezes a quantidade de dados transmitida por um modem a cabo, com poucos erros de transmissão.

Qualquer pessoa que já usou um controle remoto para mudar de canal viu um infravermelho em ação. A tecnologia também é utilizada em laptops e palmtops para comunicação de curta distância. Mas estas ligações funcionam melhor quando o transmissor está apontado para o receptor, algo que pode não ser muito prático quando um escritório todo está conectado ou para oferecer acesso à rede em um lugar público como um aeroporto ou um restaurante.

Uma maneira de solucionar o problema é emitir raios infravermelhos do teto, dispersando as reflexões pela sala. Isto permite que os receptores sejam apontados em qualquer direção. Enquanto alguns produtos de rede já usam esta tecnologia, Kavehrad disse que um dos problemas é que os raios espalhados podem criar algo parecido com um eco, ocasionando perda de dados e limitando a velocidade da rede.

Os pesquisadores da universidade da Pennsylvania acham que resolveram o problema do eco utilizando um filtro holográfico para produzir raios finos que criam uma grande rede refletindo por toda a sala. A universidade está patenteando a tecnologia.

"É um meio fácil e barato de produzir estes raios múltiplos," ele disse. "Os raios finos permitem que você envie os sinais rapidamente, e não precisar de apenas um deles permite que você se movimente, e tudo isso pode ser feito usando pouca energia."

Os pesquisadores da Universidade de Kassel e da Universidade de Siegen, ambas na Alemanha, analisaram o problema de uma forma diferente, concentrando-se em aprimorar a capacidade do receptor de separar os sinais dos ecos e da interferência. Os pesquisadores dizem que a rede resultante deste processo seria rápida o suficiente para permitir que todos em uma reunião transmitam e recebam vídeos em seus laptops simultaneamente para videoconferências.

O fornecimento de uma largura de banda suficiente para atividades como a videoconferência é uma área onde o infravermelho tem suas vantagens; o espectro do rádio é rigidamente controlado, de forma que apenas determinadas freqüências podem ser usadas para a transmissão de dados. Os fabricantes também podem buscar freqüências mais altas em busca de mais espaço, mas ao mesmo tempo, os componentes necessários se tornam mais caros.

O infravermelho não tem problemas deste tipo, porque suas freqüências, que estão logo abaixo do espectro eletromagnético, não são reguladas. E porque as transmissões infravermelhas não atravessam paredes, não há chance de interferência ou sobreposições em salas vizinhas.

Esta também pode ser uma vantagem de segurança; as redes de freqüência de rádio abrem a possibilidade de escuta por pessoas indesejáveis, talvez alguém sentado no estacionamento com um laptop e uma antena.

Mas a impossibilidade dos infravermelhos de atravessar paredes e outros objetos também pode ser sua pior desvantagem. A tecnologia exige que pelo menos um receptor e transmissor em cada sala esteja conectado a uma rede. Isto o torna uma escolha improvável para, por exemplo, alguém que deseja permanecer online enquanto carrega seu laptop para vários lugares diferentes. E esqueça a conexão no jardim através dos infravermelhos - os raios precisam de superfícies, principalmente de tetos, para se difundir.

Joseph M. Kahn, professor de engenharia elétrica e ciências da computação na Universidade da Califórnia em Berkeley, disse que os primeiros usuários do equipamento seriam empresas e escolas, e "eles não querem colocar um ponto de acesso em cada sala."

Kahn, que realizou pesquisas sobre a rede infravermelha por grande parte da última década, disse que baseou parte de seu trabalho em uma pesquisa de Kavehrad. Em um relatório, ele e seus colegas demonstraram há mais ou menos um ano que uma rede infravermelha comporta um fluxo de vídeo para cada passageiro de um avião. Mas ele disse que passou a pesquisar outras coisas.

"Existem algumas vantagens técnicas," ele disse, "mas esta tecnologia ainda não avançou comercialmente, e infelizmente eu não vejo sinais de que isto possa mudar."

Além disso, as companhias estão investindo mais em pesquisas de rádio, limitando os avanços da tecnologia de infravermelhos.

Enquanto isso, as redes baseadas em ondas de rádio estão se tornando mais importantes. Grande parte se concentra em um padrão conhecido como 802.11b ou Wi-Fi.

Uma coisa que pode impulsionar os infravermelhos é a pesquisa demonstrando que a energia de rádio utilizada em telefones celulares e outros aparelhos é verdadeiramente prejudicial à saúde humana, disse Kahn.

Os estudos até agora são inconclusivos, e há apenas uma pequena chance de que surjam dados definitivos, ele disse. Com o baixo nível de energia necessário para as redes, dizem os pesquisadores, os raios infravermelhos não prejudicam os olhos nem nada.

Kavehrad disse que estava preocupado com os efeitos de longo prazo de banhar as pessoas em ondas de rádio e que a luz infravermelha oferece uma alternativa mais segura.

"Nós vivemos sob a luz do sol fornecida por Deus há milhões de anos," disse o cientista.


 

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