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A tecnologia
de transmissão de rede através de raios
infravermelhos, o mesmo princípio usado em
controles remotos, oferece vantagens como a
velocidade, a segurança e o sigilo, mas os
infravermelhos não conseguem atravessar paredes e
objetos, e ainda não deram sinais de avanços
comerciais
Pesquisadores da rede infravermelha
gostariam de colocar dados diante do seu nariz. Ou
da sua mesa. Ou da máquina de café.
Seu
objetivo é usar raios infravermelhos refletindo a
partir de todas as superfícies de uma sala, para
criar redes de informação de alta velocidade.
Enquanto as redes locais que utilizam ondas de
rádio, como o sistema AirPort da Apple, estão
chamando a atenção, cientistas que estão
trabalhando com os infravermelhos dizem que a
longo prazo, a luz pode ser uma alternativa melhor
e mais rápida.
"As ondas de rádio não
conseguirão competir com a luz," afirmou Mohsen
Kavehrad, um professor de engenharia elétrica da
Universidade Estadual da Pennsylvania.
Kavehrad e um colega, Svetla Jivkova,
estão pesquisando um sistema que envia raios
infravermelhos da grossura de um lápis que
encobrem uma sala, conectando os computadores
entre si e a um transmissor e receptor central
ligado a uma rede maior.
Os pesquisadores
dizem que a tecnologia pode transmitir dois
gigabits por segundo, ou aproximadamente mil vezes
a quantidade de dados transmitida por um modem a
cabo, com poucos erros de transmissão.
Qualquer pessoa que já usou um controle
remoto para mudar de canal viu um infravermelho em
ação. A tecnologia também é utilizada em laptops e
palmtops para comunicação de curta distância. Mas
estas ligações funcionam melhor quando o
transmissor está apontado para o receptor, algo
que pode não ser muito prático quando um
escritório todo está conectado ou para oferecer
acesso à rede em um lugar público como um
aeroporto ou um restaurante.
Uma maneira
de solucionar o problema é emitir raios
infravermelhos do teto, dispersando as reflexões
pela sala. Isto permite que os receptores sejam
apontados em qualquer direção. Enquanto alguns
produtos de rede já usam esta tecnologia, Kavehrad
disse que um dos problemas é que os raios
espalhados podem criar algo parecido com um eco,
ocasionando perda de dados e limitando a
velocidade da rede.
Os pesquisadores da
universidade da Pennsylvania acham que resolveram
o problema do eco utilizando um filtro holográfico
para produzir raios finos que criam uma grande
rede refletindo por toda a sala. A universidade
está patenteando a tecnologia.
"É um meio
fácil e barato de produzir estes raios múltiplos,"
ele disse. "Os raios finos permitem que você envie
os sinais rapidamente, e não precisar de apenas um
deles permite que você se movimente, e tudo isso
pode ser feito usando pouca energia."
Os
pesquisadores da Universidade de Kassel e da
Universidade de Siegen, ambas na Alemanha,
analisaram o problema de uma forma diferente,
concentrando-se em aprimorar a capacidade do
receptor de separar os sinais dos ecos e da
interferência. Os pesquisadores dizem que a rede
resultante deste processo seria rápida o
suficiente para permitir que todos em uma reunião
transmitam e recebam vídeos em seus laptops
simultaneamente para videoconferências.
O
fornecimento de uma largura de banda suficiente
para atividades como a videoconferência é uma área
onde o infravermelho tem suas vantagens; o
espectro do rádio é rigidamente controlado, de
forma que apenas determinadas freqüências podem
ser usadas para a transmissão de dados. Os
fabricantes também podem buscar freqüências mais
altas em busca de mais espaço, mas ao mesmo tempo,
os componentes necessários se tornam mais caros.
O infravermelho não tem problemas deste
tipo, porque suas freqüências, que estão logo
abaixo do espectro eletromagnético, não são
reguladas. E porque as transmissões infravermelhas
não atravessam paredes, não há chance de
interferência ou sobreposições em salas vizinhas.
Esta também pode ser uma vantagem de
segurança; as redes de freqüência de rádio abrem a
possibilidade de escuta por pessoas indesejáveis,
talvez alguém sentado no estacionamento com um
laptop e uma antena.
Mas a impossibilidade
dos infravermelhos de atravessar paredes e outros
objetos também pode ser sua pior desvantagem. A
tecnologia exige que pelo menos um receptor e
transmissor em cada sala esteja conectado a uma
rede. Isto o torna uma escolha improvável para,
por exemplo, alguém que deseja permanecer online
enquanto carrega seu laptop para vários lugares
diferentes. E esqueça a conexão no jardim através
dos infravermelhos - os raios precisam de
superfícies, principalmente de tetos, para se
difundir.
Joseph M. Kahn, professor de
engenharia elétrica e ciências da computação na
Universidade da Califórnia em Berkeley, disse que
os primeiros usuários do equipamento seriam
empresas e escolas, e "eles não querem colocar um
ponto de acesso em cada sala."
Kahn, que
realizou pesquisas sobre a rede infravermelha por
grande parte da última década, disse que baseou
parte de seu trabalho em uma pesquisa de Kavehrad.
Em um relatório, ele e seus colegas demonstraram
há mais ou menos um ano que uma rede infravermelha
comporta um fluxo de vídeo para cada passageiro de
um avião. Mas ele disse que passou a pesquisar
outras coisas.
"Existem algumas vantagens
técnicas," ele disse, "mas esta tecnologia ainda
não avançou comercialmente, e infelizmente eu não
vejo sinais de que isto possa mudar."
Além
disso, as companhias estão investindo mais em
pesquisas de rádio, limitando os avanços da
tecnologia de infravermelhos.
Enquanto
isso, as redes baseadas em ondas de rádio estão se
tornando mais importantes. Grande parte se
concentra em um padrão conhecido como 802.11b ou
Wi-Fi.
Uma coisa que pode impulsionar os
infravermelhos é a pesquisa demonstrando que a
energia de rádio utilizada em telefones celulares
e outros aparelhos é verdadeiramente prejudicial à
saúde humana, disse Kahn.
Os estudos até
agora são inconclusivos, e há apenas uma pequena
chance de que surjam dados definitivos, ele disse.
Com o baixo nível de energia necessário para as
redes, dizem os pesquisadores, os raios
infravermelhos não prejudicam os olhos nem nada.
Kavehrad disse que estava preocupado com
os efeitos de longo prazo de banhar as pessoas em
ondas de rádio e que a luz infravermelha oferece
uma alternativa mais segura.
"Nós vivemos
sob a luz do sol fornecida por Deus há milhões de
anos," disse o cientista.
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