Buscar en la Web
Entrar
Usuário novo? Cadastre-se

Ter, 7 Fev, 12h22

Banda larga viajando na luz de LEDs brancos

Por Carlos Alberto Teixeira, Yahoo! Tecnologia

Por Carlos Alberto Teixeira


Nesses tempos em que usuários pouco experientes já têm WiFi em casa, banda larga sem fio, uma das brechas mais vergonhosas na segurança é esquecer de configurar alguma barreira criptográfica que impeça a vizinhança de se aproveitar do seu link ou, até mesmo, xeretar o seu sistema, caso seu vizinho seja um hacker. Ideal mesmo seria que a sua bolha WiFi ficasse restrita ao seu apartamento ou ao seu escritório, sem vazar para o espaço em torno. Mas, um momentinho aí: não é exatamente isso que acontece com a luz? Se seu quarto está iluminado por uma ou mais lâmpadas e você fecha as cortinas, a luz permanece só lá dentro, não é?

Como se sabe, LEDs coloridos (light emitting diodes = diodos emissores de luz) são utilizados nos algarismos de relógios digitais, sinais de trânsito, painéis de aparelhos eletrônicos e em muitas outras aplicações. Só que, mais recentemente, os LEDs brancos têm pipocado no mercado com a função específica de iluminar cenas e ambientes. Chega-se até a considerar o LED branco como o futuro substituto das boas e velhas lâmpadas incandescentes e fluorescentes, até então onipresentes.

No meio científico, alguns pesquisadores ousam prever que, lá por volta do ano 2012, pequenos LEDs brancos terão poder de iluminação superior ao de uma lâmpada comum de 60 Watts, mas com um consumo de corrente tão pequeno como o de quatro baterias D, vulgo pilhas grandes de lanterna. As maravilhas da luz dos LEDs brancos se devem à sua capacidade de limitar o aumento da temperatura na fonte luminosa, através da redução da resistência elétrica do encapsulamento. Além disso, estes LEDs têm uma vida útil maior, incrementam a eficiência luminosa e tornam a iluminação mais uniforme. E é neste uso mais intensivo dos LEDs brancos, inicialmente como fontes de luz, que alguns cientistas japoneses tiveram a luminosa idéia (trocadilho intencional) de utilizar este meio como transmissor de dados sem-fio em ambientes internos.

Inspirados nesta idéia, engenheiros da Universidade Penn State demonstraram o protótipo de um sistema baseado em LEDs brancos que serve para iluminação e comunicações wireless de alta velocidade em espaços internos. Este sistema, acoplado a uma malha de acesso banda larga via linhas de energia elétrica (BPL - Broadband Power Line), pode oferecer capacidade de transmissão que supera os padrões DSL e cable atuais, sendo também mais segura do que a conexão via rádio-freqüência. Que tal um link de 1 Gbps sem fio dentro do seu quarto iluminado por LEDs brancos? É uma velocidade só superada por um link de fibra óptica convencional.

O estudioso que está à frente deste trabalho na Penn State é o Dr. Mohsen Kavehrad, professor da cátedra W. L. Weiss de Engenharia Elétrica e diretor do Centro de Pesquisas de Tecnologia de Informação e Comunicações da instituição. Foi no evento IEEE Consumer Communications and Networking Conference, que teve lugar no dia 10 de janeiro em Las Vegas, que o pesquisador apresentou o sistema e seu desempenho numa simulação, através de um artigo científico, junto com seu co-autor, Pouyan Amirshahi. O artigo é intitulado "Hybrid MV-LV Power Lines and White Light Emitting Diodes for Triple-Play Broadband Access Communications" e está disponível gratuitamente em formato PDF. Os dois autores também produziram um ótimo artigo tratando especificamente de BPL a médias voltagens: "Medium Voltage Overhead Power-line Broadband Communications; Transmission Capacity and Electromagnetic Interference", também disponíivel em PDF.

Na simulação, uma sala era iluminada tão uniformemente quanto possível utilizando LEDs brancos. Uma vez que estes LEDs estavam conectados à malha elétrica do aposento, quando se enviava dados banda larga pela linha de força, os LEDs transmitiam estas informações na luz que emitiam, e elas podiam ser captadas por quaisquer dispositivos wireless presentes no ambiente.

Duas vantagens tem este método. A primeira é que, considerando que a luz não atravessa obstáculos opacos, como o fazem ondas de rádio e microondas, a transmissão via LEDs é mais segura, mantendo-se restrita ao espaço confinado entra as paredes, o piso e o teto. A outra vantagem é que não há possibilidades conhecidas de danos à saúde decorrentes da luz dos LEDs, ao contrário das emissões eletromagnéticas usuais das soluções wireless anteriores. A luz elétrica convencional que usamos pulsa a 60 Hertz e, até onde se saiba, não ficou provado nenhum efeito nocivo à saúde em função desta vibração. Na escala dos MegaHertz ou dos GigaHertz não há tampouco indícios de dano, mas nunca se sabe.

Alguns obstáculos práticos, no entanto, ainda precisam ser contornados. Um deles é a distorção causada pelos diferentes caminhos ópticos percorridos pela luz dos LEDs, um fenômeno de reflexão e interferência que depende das dimensões do cômodo e da configuração do sistema. Este fator implicou numa série de restrições internas do sistema, fazendo com que a velocidade máxima de transmissão chegasse apenas aos 1 Gbps. Se não houvesse tais barreiras, as velocidades poderiam ser muito maiores, e talvez ainda o sejam num futuro próximo, com a aplicação de novas soluções atualmente em estudo.

Com a crescente preocupação mundial quanto à questão energética, o baixo consumo elétrico dos LEDs brancos transmissores de dados será um incentivo importante à sua adoção o quanto antes, motivando sua colocação no mercado talvez até antes de 2010.


Quer comentar o tema desta coluna? Assine o grupo tecnocat, é grátis. Em fase experimental.


 
PUBLICIDADE

outros colunistas

Bob Wollheim
Carlos Alberto Teixeira
John C. Dvorak
Júlio Preuss
Manoel Fernandes

Copyright © 2005 Yahoo! do Brasil Internet Ltda. Todos os direitos reservados.
Política de Privacidade -Termos de Serviço - Direitos Autorais - Ajuda